Atualmente, a UNESCO e outros organismos internacionais alertam para a necessidade de educar crianças antes dos 3 anos, reconhecendo que os estímulos devem começar logo no primeiro ano de vida e até mesmo antes do nascimento do bebê. As competências intelectuais, a inteligência emocional, a empatia, os valores e o desenvolvimento do pensamento lógico são diretamente influenciados pelo ambiente em que a criança cresce. Nesse período, instalam-se no cérebro as bases de ‘como’ se pensa e aprende.
A quantidade e a qualidade dos estímulos que a criança recebe, nos 3 primeiros anos de vida, afetam a quantidade e a qualidade dos circuitos neuronais que se formam no cérebro. Pesquisas revelam que, até os 3 anos de idade, existe uma necessidade biológica de aprender. É importante para a criança pequena participar de experiências físicas e socioemocionais apropriadas para a idade.
A escola é o lugar que acolhe a curiosidade natural das crianças, desperta sua atenção, concentração e desejo de aprender. Os professores são uma referência adulta preparada para propor atividades desenvolvidas, especificamente, para os pequenos. Cuidam do estímulo à linguagem – essencial para a cognição em geral – com conversas e leituras que enriquecem as habilidades linguísticas. A leitura de livros aumenta o vocabulário e desenvolve o senso estético através das ilustrações. A escolha dos livros é importante para assegurar o acesso a textos e figuras relevantes. O fato de serem muito jovens não justifica o acesso a uma cultura menos apurada. Pelo contrário, quanto mais jovem, mais importante a qualidade da escolha.
A música, as artes plásticas, a dança e as dramatizações devem fazer parte da vida das crianças. Envolvem seus sentidos e expressam emoção, indicam maneiras de agir e apoiam a habilidade de resolver problemas.
Hoje se sabe que expor a criança pequena a mais de uma língua naturaliza a captação de estruturas linguísticas diferentes ao mesmo tempo e na mesma localização no cérebro, o que é diferente de aprender a segunda língua mais tarde.
Brincar é uma característica importante para o desenvolvimento da inteligência. A escola sabe que a aprendizagem dos pequenos acontece nas imitações, nos jogos de faz de conta e nas brincadeiras que surgem nas diversas experiências que proporcionam novos pontos de vista, novos cheiros, sons e sensações. Bichos, plantas, alimentação, livros, pessoas, brinquedos, objetos, amigos, tudo o que faz parte da vida é objeto para exploração, reflexão e construção de conhecimento. O encontro com outras crianças amplia a socialização e estende o convívio fora do núcleo familiar.
As crianças do século 21 não sabem o que é um mundo analógico. Nascem imersas em telas, como TV, celulares e tablets , e a tecnologia digital é seu ambiente. Estudos apontam a necessidade de chegar a um equilíbrio harmônico entre o mundo digital e a vida fora dele.
O pensamento das crianças, quantitativamente, é tão intenso quanto o dos adultos, mas é muito diferente. Os professores reconhecem a especificidade do pensamento dos pequenos e incentivam atividades que levam a ampliar descobertas e desenvolver a capacidade de pensar e de criar.
Com cada dia organizado para provocar experiências instigantes, a escola é um lugar estimulante e desafiador onde se fundam as bases das aprendizagens futuras.
Artigo de Patrícia Konder Lins e Silva, pedagoga e diretora da Escola Parque.