A proximidade das eleições faz pensar em como a educação escolar nos prepara para exercer o voto. O que é votar “bem”? Para refletir sobre uma ação tão séria – a escolha de representantes para governarem todas as pessoas de um país – é necessária uma educação que ofereça instrumentos morais e intelectuais que permitam aprofundar a questão de modo responsável.
Votar exige descentração do pensamento. Exige pensar nos outros. Sair de si é fundamental, porque o país é um todo e não um ajuntamento de grupos ou tribos a que se pertence e de que se gosta. É preciso levar em conta as diferenças e não apenas os iguais. Votar não deve incluir paixões, dogmas e crenças. A racionalidade é que permite considerar o que é melhor para a coletividade.
A escola é lugar ideal para se aprender a pensar por conta própria. Ao compartilhar – de ideias a espaços – um ambiente, ao conversar e discutir em sala de aula, se aprende a escutar outras pessoas, se aprende a entender suas necessidades, a trocar, a mediar, a pactuar.
A escola é lugar de construção de autonomia, fundamental para se pensar com responsabilidade, confrontando suas ideias com as dos outros. A autonomia moral e intelectual liberta para o exercício da cidadania consciente e corajosa, sem adesões arrebatadas ou irresponsabilidades de votos submissos.
A escola é lugar de aprender a votar bem.
* Artigo de Patrícia Konder Lins e Silva, pedagoga e diretora da Escola Parque