Andamos aborrecidos. Com o país, a cidade, os políticos, o mercado, o vizinho, os que votaram em candidatos diferentes dos nossos, quem pensa diferente de nós, com a vida.
Não esperávamos que, no século 21, voltássemos a nos deparar com tanta agressividade e com o retorno de fundamentalismos que assustam e complicam ainda mais um mundo cada vez mais difícil de entender.
Mas, como nós, adultos, somos responsáveis pela educação das crianças e jovens, precisamos cuidar do modelo que passamos para eles. Não é saudável crescer num ambiente agressivo, medroso, pessimista. Afinal, desejamos filhos tolerantes, que saibam acolher o outro e argumentar nos conflitos. Desejamos que sejam confiantes, que saibam agir e não apenas reclamar. Desejamos que sejam positivos e não ranzinzas. Queremos que briguem as brigas justas e que ouçam outras opiniões. E queremos que tenham esperança para enfrentar as dificuldades com a convicção de que podem mudar o que quiserem. Desejamos filhos afetuosos, amorosos e otimistas.
O fim de ano é um bom momento para refletirmos, com nossas crianças, sobre ressentimentos injustificados, o consumo excessivo no Natal e as desigualdades existentes no mundo. Refletir com elas, sobre como amparar os que realmente necessitam, é um modo de recuperar nossos sentimentos de afeto.
E o afeto é um sentimento alentador, que revigora a vontade de lidar com a vida.
Artigo de Patrícia Konder Lins e Silva, pedagoga e diretora da Escola Parque.